Tem dias que a única saída é por pra fora o que ficou há muito tempo trancado e empoeirado, por pra fora como um vômito, uma flatulência, um escarro, uma lágrima. Mas são várias as lágrimas, lágrimas que lavam uma sujeira ancestral, de lembranças de antepassados, que foram embora deixando um rastro impregnado no sótão do meu inconsciente, como no Retrato de Dorian Gray, lá no sótão havia aquele quadro com sua imagem aterrorizante, a imagem de todas as vilanias de um ser que apresentava uma face sem nenhuma mácula perante os mortais, enquanto que ele jamais envelheceria, o retrato cumpriria esse papel "terrível" de envelhecer por ele.
Não tenho medo da velhice, quero mais é que venha essa aliada do tempo, ela será minha amiga, minha mentora, pois de amizades sou mesmo pobre, muito pobre. É que os amigos mordem, a gente nunca sabe do que são capazes, as pessoas sofrem de uma metamorfose constante, mas voltando ao assunto, como sou uma pessoa totalmente desprovida de vaidades, a velhice realmente não me mete medo algum, o único medo que ela poderia me causar seria o de estar mais perto da morte, mas como essa também não me impressiona, que venha a morte também, pois é lá que está o alívio para todos esses tormentos existenciais, caso haja um outro lado, pois é nisso que acredito, com certeza é bem melhor que esse lado de cá, disso não tenho nenhuma dúvida, é lá que as máscaras caem, é lá que todo mundo é uma unidade realmente, pois isso de igualdade aqui na terra nunca existiu, é uma grande utopia, como o socialismo, enfim, tem dias que são assim, a gente se sente tão vazio, aí começa a pensar em um monte de coisas, do tipo: pra quê eu existo?Pra quê eu sirvo?Na verdade todo mundo serva pra a mesmíssima coisa:acumular lembranças, experiências, formular conceitos, aprender, ensinar, aprender e aprender...É isso aí!
Preciso não morrer. Não posso perder um único 29 de abril.
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