XVIIDa vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eue tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Forma levando qualquer coisa minha...
E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela, amarelada...
Como o único bem que me ficou!
Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaremente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror!Voejai
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca.
Tirado do livro: Rua dos cataventos (Mário Quintana)
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